O remate final da vida

quarta-feira, dezembro 30, 2015


Com a chegada do final do ano, acho que é quase automático fazer um balanço de tudo o que passou.

Encontrar o melhor e o pior do que foi vivido ao longo do ano de 2015, é uma das “conversas de café” mais frequentes na atualidade.

“Namorei com a pessoa errada”, “dei demais a quem merecia menos”, “larguei um trabalho e arranjei um muito melhor”. São este o tipo de comentários. Estes e também tantos outros como “pois porque para os refugiados há tudo e os nossos estão na miséria”, mas os dessa “classe” dada a sua inconveniência e burrice estampada estou certa que se manterão no futuro.

Pessoalmente, tive um ano repleto de emoções.

Viajei, conheci, sonhei e muitos dos sonhos com algum trabalho e muita dedicação tornei-os reais.

 Fui de Erasmus e vivi com a melhor amiga que o universo conhecera durante essa temporada.

Comecei a colaborar com o Jornal Público, vou, se tudo correr bem, estagiar na agência Lusa e terminarei a minha licenciatura em três anos.

Mantive a mesma relação começada em 2014, e os amigos que tenho, sei que o são de verdade e que não os transportarei para o próximo ano, mas sim para a vida.

Por falar nela, na vida…. Este ano enviou-me um pedregulho tão grande.

 Quase dum peso que não consigo suportar. Faz com que me sinta exausta, caída e sem forças. Faz com que eu baixe as armas a tudo o que me propus e que ampute toda a minha existência.

Levou-me a minha pele, a minha carne e deixou-me em ossos com uma dor que não consigo transportar.     
 
Levou-me a minha mãe. Levou-ma desde o outro lado do mundo, e já me a trouxe em cinzas.

Uma dor de cabeça forte num dia de comemoração. Um tiro certeiro.

Um até já que não mais direi, um até sempre que para sempre ficará.

Sem que a respiração me caiba no peito, vivo a situação de sorriso no rosto, tal como ela desejaria, mas de alma quebrada e totalmente desmembrada.

Tornei-me de choro fácil e o sorriso já nem forçado quer sair.

Apetece-me perder-me de mim, para a encontrar de novo a ela.

Ai que saudades. Que me prendem, que me destroem mas que não me levam até onde eu tanto queria estar.

Tudo fiz, tudo fizemos, juntas.

Agarrei os meus, preparei os outros, mas é a mim mesma que me está a custar “segurar”.

2015 Teve tanta coisa boa, mas nunca será recordado por isso.
Daqui a 20 anos o dia 13 de Dezembro de 2015 irá ser recordado como um tornado de sentimentos terríveis, o susto, o medo, a impotência e por fim, a perda.

Sentirmos que não somos capazes de fazer nada mais por aqueles que tudo fizeram por nós corroí. “Esperar para ver” e viver o que já não mais poderemos presenciar é algo que não desejo a ninguém. Tamanha dor não cabe num ser só.

Metade de mim partiu, a outra metade mutila-se psicologicamente a cada dia que passa e sente.

2015 Foi o maior ano de alegria que tive, mas trouxe com ele também, a maior destruição.

E não me avisou, e não me deixou despedir, e não me deixou, mais uma vez, dizer-lhe o quanto a amava e amarei para todo o sempre.



Só queria uma última vez, suficiente para ter forças para viver o resto da minha vida.






Natal sem brilhantes

terça-feira, dezembro 15, 2015


Venho-vos falar na magia do Natal.

Escolhi fazê-lo na primeira pessoa, pois considero-me neste momento um exemplo do que é o brilhante parar de irradiar, mas mesmo assim tudo ser iluminado pela altura que se trata.

Para mim, Natal sempre foi família, casa cheia de emoção, risos e troca de histórias que se passaram ao longo do ano.

Uma lareira acesa ao fundo e um peru no centro da mesa para dar entrada a um “bacalhau com todos”.

Os presentes sempre foram secundários mas existem, nem que seja um postalinho com as palavras certas.

 A felicidade sempre foi a nossa chave de entrada no dia 25 de Dezembro.

Todos tínhamos um propósito – a família. A reunião. O amor. A paz que sentimos por sermos uns dos outros e podermos partilhar aquele momento de entrega que sempre se guardou para a prosperidade.

Mas este ano perdemos uma peça fundamental. Quase como perder o menino Jesus no presépio, entre o meio do musgo artificial e não mais o encontrarmos.

A minha mãe. Perdi a minha mãe. A 10 dias deste Natal. Faleceu no outro lado do mundo na busca dum emprego digno e que nos trouxesse alguma qualidade de vida.

A minha família está feita num monopólio sem peões, os dados já não rodam e carta nenhuma tem valor.

Dava tudo para tê-la como o meu presente. Trocar o peru e o bacalhau e as habituais lembrançazinhas pela sua saúde eterna.

A família não se escolhe, mas preservá-la, ama-la, respeitá-la e mantê-la depende de nós.

Aproveitem os vossos, olhem para o lado, valorizem sorrisos, quebrem guerras, comprem paz e ofereçam o vosso melhor lado com todo o vosso coração.

A vida é tão efémera que cada momento é uma dádiva.

Levem os vossos a sentir a força do mar e das ondas a bater nas rochas, subam as montanhas até aos picos mais altos para respirar o que de mais puro podemos ter. Sintam, sintam-se, abracem-se e nunca em tempo algum percam tempo de qualidade com as vossas verdadeiras prioridades.

Feliz Natal a todos e que o vosso centro de mesa e a vossa árvore esteja coberta de sorrisos embrulhados, abraços embutidos e gargalhadas para partilhar.

Afinal… o que é a nossa vida, sem aqueles que realmente amamos?

O tempo não pára, não volta e não dá tréguas, nunca desejem sentir vontade de voltar no tempo.


O momento é agora.




Espaço Eça, um Espaço com Estórias

terça-feira, dezembro 15, 2015



Em pleno centro de Leiria, na chamada “Rua direita”, que pouco deve ao nome, existe na Rua Barão de Viamonte, um recanto “Cativante”, classifica Alexandra Lontro,contabilista de profissão.
 É assídua nas visitas ao local e quando lhe pedem para descrever o Espaço  Eça  não poupa nas
palavras: “É Espantoso”, diz de sorriso estampado no rosto.
História, cultura, lazer e entreajuda são as palavras-chave utilizadas pelos seus visitantes, para caracterizar o projeto.
Idealizado por um casal amante da cultura portuguesa e concebido para homenagear o que a nossa literatura tem de melhor, Susana e Luís Ventura escolheram esta ”belíssima e harmoniosa cidade pois foi onde Eça de Queiroz viveu a maior parte da sua vida”, conta-nos a gerente.
A decoração do local contrasta tons de cinza e preto com móveis em madeira maciça. E a temperatura ambiente está sempre convidativa a uma boa leitura. O grande relógio redondo nas firmes paredes brancas marca a passagem do tempo que, dentro do Espaço Eça, se sente de forma suave.
A esta maré de cultura junta-se a gastronomia. Com refeições cuidadosamente selecionadas e preparadas, como são os exemplos das empadas de alheira, tapas de choco frito ou bolos vendidos à fatia de vários tipos, os que visitam o Espaço Eça podem, de forma económica, provar alguns petiscos tipicamente portugueses, bem como degustar os melhores vinhos classificados a nível nacional.

Ler, conviver, estudar, partilhar ou até desfrutar de algumas bebidas e/ou petiscos, são os principais motivos de visita ao sítio. 
A equipa é formada pelos dois elementos da gerência. “Somos sempre gentilmente recebidos por qualquer um dos dois que lá esteja para nos encaminhar,” diz-nos Diana Sofia, de 21 anos, estudante de Informática para a Saúde, que utiliza o espaço como base operacional para a realização dos seus trabalhos de grupo.
Centro de estudos para muitos, biblioteca para quem a procura e até centro de congressos para alguns, neste local, relatam os  que por lá passam,“encontramos a plenitude e o equilíbrio total.”
Existem também vários momentos em que o Espaço Eça se alicerça a projetos de solidariedade.
Para breve está inclusivamente agendada uma exposição a favor da associação “Os
Malmequeres”, sediada nos Marrazes. 
A exposição, que será de entrada gratuita, mostrará alguns trabalhos feitos e pintados à mão por docentes desta associação, portadores de deficiências mentais, utilizando apenas diversos tipos de madeira para o efeito. A exposição começará já no próximo dia 17 neste mês, e durará até ao final do mês de Dezembro.
Entre as três salas existentes, o cantinho da leitura é o favorito para a maioria dos utilizadores, e basta visitá-lo para entender rapidamente o porquê.
“A Câmara Municipal de Leiria apoiou a iniciativa não colocando nenhum entrave quanto ao licenciamento necessário para a abertura do espaço e publica também sempre na “leiriagenda” todos os eventos existentes no local desde a sua abertura,” refere Luís, no decorrer da conversa.
Têm as portas abertas ao público das 09h as 19h, de segunda-feira a sábado, desde o dia 19 de Julho de 2014.
“Encontramos aqui a paz de mãos dadas com o que de melhor Portugal tem: cultura, gastronomia e vinicultura.” Conta  Fernando, advogado aposentado que todos os dias lancha no local.
Em jeito de balanço, “uma aposta conseguida, que superou todas as expetativas”, afirma Luís, um dos fundadores do Espaço Eça.









Corpo cheio duma alma vazia

quarta-feira, novembro 25, 2015



25 de Novembro de 2015.

Um marco na história. Um dia em que todos, homens e mulheres, independentemente do género, deveríamos sair às ruas e gritar “liberdade” . Ao que nos faz mal, ao que nos prende, ao que nos sufoca.

Dia mundial contra a violência doméstica. Dia em que recordamos 27 mortes de mulheres apenas em Portugal no ano de 2015, pela violência sofrida durante a vida, até que a morte lhes chegou.

Choro, dor, sofrimento, mágoa. Foi isto que sentiram antes de partir. Foi o que nos deixaram para recordar e para sempre temer.

A violência está em todo o lado, em ambos os géneros e no virar de cada esquina.
Recordo-me especialmente duma amiga minha, tão minha amiga, que ficou minha irmã.
Tem o coração do tamanho da distância que nos separa. Sempre lutou, sempre vingou, sempre em tudo se lixou.

Passado filho da mãe, que lhe trouxe a força. Presente desgraçado que lhe recordou o que é a verdadeira dor.

Nunca teve medo do trabalho, pois sempre teve de trabalhar. Desde cedo me atraíu pela inteligência que tinha. Sensual como poucas de nós somos. Perspicácia, carisma e audácia sempre foram palavras que a definiram.

De sorriso fácil, mas infelizmente tornou-se de choro fácil também.

Estudou até poder, amou até não mais conseguir.

Mulher de várias paixões, mas sempre dum homem só. Éramos miúdas quando me contou “amo-o tanto Teresa. Estou apaixonada. Apaixonada e grávida. Grávida pelo homem que amo, que quero, que me chega, mas que não chegou no momento certo” e abortou.

Caiu-me tanto nos braços a mim ,como em si própria. Não mais viveu um amor assim. Mas não se arrependeu. Não era a hora certa. Ainda se estava a conhecer, para poder conhecer alguém vindo de sí. Sofreu tanto, mulher de armas. Enquanto nós decidíamos o que vestir para sair naquela noite, ela passára dores infernais no hospital, internas e de alma.

Continuou a batalha, sem armas, apenas com um sorriso e um corpo de arregalar qualquer olhar que a visse passar como escudo...se alguém imaginava .

Senhora de si. Amada por tantos , odiada por ainda mais. Carácteres fortes nunca foram os mais adorados pelos fracos da nossa sociedade.

Seguiu. Ergueu-se, lutou, conquistou de novo. Amor próprio e uma nova vida.

Lá foi ela, entrou numa nova roleta russa do amor.
Uma nova oportunidade de abrir a janela e ver o sol no olhar e no sorriso de outrém.

Corajosa. Deliciosa. Decidida.

É a minha heroína.

Voltou a cair.

Desta vez saiu muito mal tratada.

O homem com quem estava fechou-lhe todas as portas da sua vida, sem “aviso prévio”.

O coração está destroçado. Mais uma vez, a sua energia ficou com ele no dia da despedida, e o corpo só pensa em desistir.

Levou tanta pancada física e verbal em tantos anos, que nem consegue recordar apenas um único episódio.

Já não brilha, já não sorri com os olhos, já não quer sentir nada nem no estômago nem com o coração.

Apagou-se. Desistiu. Quis já por várias vezes ficar-se.

Não se reconhece. Olha-se sem se encontrar.

Mas mesmo sem saber, para mim é um ídolo.

E é tão bonita. Tão brilhante mesmo sem já brilhar. 

Um orgulho tão grande que me serve de inspiração.


E ela sabe,ela sabe que eu vou sempre aqui estar, não sabe?










"Eça" maneira de ajudar, os nossos "Malmequeres"

terça-feira, novembro 17, 2015



Arranca hoje, dia 17 de novembro de 2015 mais uma exposição da associação Os Malmequeres, que à semelhança do ano passado conta com a ajuda do Espaço Eça para a divulgação das suas peças.
A associação Os Malmequeres, sediada na Zona Industrial do Casal Cego- Marrazes, Leiria. É uma associação sem fins lucrativos que tem como lema “integrar com alegria”.
À associação pertencem deficientes mentais, que com todo o carinho e dedicação realizam diversos brinquedos em madeira.
Nesta exposição aberta ao público, tanto podemos encontrar jogos tradicionais como dominó, solitário e cordas para saltar, como objetos decorativos e lúdicos.
Todos os brinquedos são feitos e pintados à mão, com um enorme cuidado e audácia por estas pessoas.
O valor de cada brinquedo pode ir desde o 1€ aos 5€ e estão em exposição no Espaço Eça até ao dia 30 do decorrente mês.
Uma excelente maneira de ajudar, e também de ser ajudado, recordando os brinquedos que em tempos fizeram parte da sua infância.
Mais uma vez o Espaço Eça está associado a ações de solidariedade, como vem sendo hábito e tem todo o gosto de receber todos aqueles que queiram saber um pouco mais acerca desta associação.









Paz podre, paz industrializada

segunda-feira, novembro 16, 2015


Que mundo é este?

“Querida filha, vives num mundo onde a qualquer momento uma bomba rebenta, ou um “bando” de terroristas pode entrar no teu sonho, bombardear tudo ao teu redor e acabar com a tua felicidade em segundos. Sangue, lágrimas, corações que não sopram, não vivem, não sentem mais” – porque não me avisaram os meus pais disto, enquanto cresci?

Porque é que todo o mundo implora hoje por uma paz, se lhe respondemos com guerra?

Porque é que num dia "somos todos Charlie", passado uns tempos “somos todos Paris” e ninguém se lembra que temos apenas que ser todos humanos?

Bombas não se resolvem com armas e tiroteios. Mortes e violência não se quebram com ainda mais violência, ódios e rancores.

Somos todos feitos da mesma massa. A que sente.

Um muçulmano não é um bombista, nem um católico é um santo. A maldade não vem da religião, vem do ser.

Não quero deixar de sofrer, mas quero sofrer tanto por Paris como por Beirute. Não quero sofrer apenas por mim e “pelos meus” que por lá ficaram. Quero sofrer pela perda de seres, não só pelo Sr. Manuel que por lá passára ou pela Mariana que não chegou “por milagre”  a entrar.

Se rezarmos, rezemos por todos. Pela dor, não pela proximidade.

A guerra é a mesma, e só se solucionará quando entendermos que a minha dor é a dor dos refugiados que FUGIRAM disto e a mesma dor que a população de Beirute que viveu algo tão aterrorizador e similar. O medo não é um sentimento exclusivo Europeu. E neste momento qualquer pessoa que vive, tem medo de a qualquer momento poder deixar de viver.

O mundo é geral, enquanto o virmos apenas a circundar o nosso umbigo, a nossa resposta será sempre a mesma: Guerra.

A conversinha do “Deus, Pátria e Família” é um máximo mas já não convence ninguém, nem detém porra nenhuma. Vamos inverter o jogo, experimentar viver por todos e depois então por nós.


Juntos somos tantos nesta luta pela paz. 


Deixemos de ser todos “qualquer coisa” para passarmos, finalmente, a ser todos “alguma coisa” - Humanidade.






Coração certo, geração errada

quinta-feira, novembro 05, 2015


“Quanto tempo esperarias pelo amor da tua vida?”
Amor do abraço, da conchinha e do amaço.
Amor a sério, que dói tanto até curar.
Amor invisível no tempo e no espaço, onde as horas são efémeras e os dias só custam a passar quando estamos longe.
Quanto tempo esperarias, para sentir a real felicidade? 
O auge da respiração ofegante, e o limite do enlouquecido de força e vontade de sair, gritar, berrar.
Amor de amar tanto. Amar de querer tudo, num ser só.
Com quantos “príncipes e princesas rebeldes” precisamos nós de nos encontrar, até percebermos qual o nosso lugar? Para ficar, partilhar,sentir, deixar-nos amar?
Que se lixe esta geração. Somos rascas, e sem principíos nem coração. 
Vivemos na lei do mais forte. Mais forte cuja força é valorizada em números de camas abandonadas a meio da noite, e mensagens calorosas de seres nenhuns.
Somos os maiores, se não fizermos porra nenhuma. Quanto menos damos, melhor nos devemos sentir.
Ridículo.
A estupidez humana, é das coisas mais estúpidas que a humanidade inventou. E fugir do amor, é a maior caracterização da idiotice, da fraqueza e sobretudo, de ser um banana vestido na roupa dum campeão.
Sem amor não há vida. Sem vida, só existe eco, luzes, e sombras. 
E tão bom que é viver, e tão mau que deve ser apenas existir.
Amar com tudo o que temos é o melhor que damos. 
Vamos deixar de abandonar as casas com os lençóis ainda quentes, e vamos passar a tentar aquecer almas e corações com a mesma eficácia e rapidez? 
O real foi feito para ser vivido, sentido, adorado, sofrido. Ser plástico é uma treta.





Para a minha irmã

segunda-feira, novembro 02, 2015


Que cliché de titulo, não é ? 
que dialecto tão visto, que amor tão grande descrito em tão pouco.

Gostar de ti é uma ofensa para o tão enorme fascínio que te sinto.

Dar-te tudo , não é nada.

És a palavra “força” representada. Garra , e plenitude.

Orgulhas-me todos os dias, cada vez mais. E ao longo dos teus tão poucos 15 anos, mas que já fizeram de ti um ser tão grande, só me fazes querer ver-te sempre o mais de perto possível.
És das minhas melhores amigas. És o meu grande amor.

Parabéns mana. A vida já nos pregou tantas partidas, e ainda nenhuma foi capaz de nos mandar abaixo, já viste?

Vais ter sempre o meu ombro para te aconchegar e tudo o que te puder dar, darei.


Amo.te muito, parabéns “pititiu”. 

És um orgulho tão grande.







Portugal dos (tão) pequenitos

segunda-feira, setembro 14, 2015

Voltei a escrever por desilusão.

Por viver num mundo do avesso, por não saber o que de errado afinal temos, quando o certo é o desconhecido.

Vivo num mundo que tem guerra, e onde nós, portugueses, ainda que nem sonhemos o que isso é, fechamos portas e criamos todos os obstáculos para aqueles que vêm apenas em busca dum pouco de paz. De vida. De oportunidades de verem o sol no dia seguinte.

Viver, no outro lado do mundo, está a ser apenas até morrer, até que o dia deles chegue e leve a sua alma. A vida daqueles seres está a ser tão frágil e incerta, que eles preferem fugir. Fugir para o desconhecido, para uma realidade tão diferente, não prometendo instabilidade, apenas implorando por poder sorrir, mais alguma vez.

Parentes falecidos no olhar das mais frágeis crianças, crianças que nascem adultos e adultos que morrem sem saber o que é ser idosos.

Ou fogem, ou morrem. Eles fugiram, e nós, portugueses fechamos-lhes as portas. São diferentes, mas são Humanos. Pessoas como eu e tu, que acordam e tudo o que querem é um pouco de segurança. Não pedem amor, pedem uma oportunidade. A oportunidade de viver.

E o povo fechou-lhes as portas.

Serão recebidos com ameaças, também aqui de morte. Rodeados de comentário xenófobos e caras trancadas. 

Culpados de ocuparem casas que foram retiradas aos nossos, cargos profissionais que a nós nos faltam e com condições escolares e de saúde que a nós não garantem. E porquê culpá-los, se estes não sabem sequer para o que vêm?

Se eu estou mal e para mim não há solução imediata, é justo que por isso que não criemos soluções para os demais? que pensamento é este, dentro dum país que tem emigrantes em todo o mundo? Que mesquinhez e nível tão baixo nos caracteriza, que nos faz mandar o outro ainda mais abaixo, por lá nos encontrarmos?

Ninguém será castigado por estender a sua mão ainda que as religiões, crenças e ideologias sejam todas diferentes, é das diferenças que se formam as igualdades.

Vamos mais do que abrir as portas do nosso país, vamos abrir o nosso coração. E compreender que estas pessoas não pedem luxos, pedem vida, fugidas dum país onde nem sobreviver seria uma possibilidade.


Hoje eles, amanha nós.




Budapest, para nunca mais esquecer

sexta-feira, junho 26, 2015



Vais? Mas como vais? E eu, e tu, e nós?

Assim fui eu sem grande tempo para pensar.

Fui sem olhar para trás, sabendo que deixei ali, naquela passagem estreita, a minha família, amigos e uma relação que tão bem me faria. – Vou, vou por mim, pelo que vou ser, pelo que vou viver. Vou com as asas que me deram para voar, na promessa de crescer, e saborear cada dia.

E lá fui eu, não de mochila às costas, mas com 30kg de bagagem. Entre casacos, cachecóis e luvas estavam os livros para folhear na minha aventura. era eu, alguns euros, e o mundo.

Como é que se mete uma pausa na nossa vida e se cria toda uma outra paralela? Como é que se descobre a felicidade longe de tudo aquilo que nos faz feliz? – Agora, já sei, o truque é só um – viver. Viver tudo o que todas as aventuras nos têm a dar, cair com força mas erguer-nos ainda com mais velocidade.
Sentir saudades, chorar por elas. Rir com desconhecidos e abraça-los como irmãos.

O meu Erasmus foi a maior caminhada que tive. Eu, o meu ritmo e toda a harmonia que consegui criar ao meu redor.

 Viajei, conheci, explorei e amadureci. Dancei desde o pôr do sol ao nascer do mesmo e enriqueci, enriqueci tanto. De alma, de força, de vontade, de coragem e sobretudo de confiança. Porque eu quis - eu consegui.

Todos os dias, tive coisas para contar. Amigos novos de todas as partes da Europa para ouvir, ou uma nova comida que tinha tanto de mau aspecto como de deliciosa para degustar.

Cidade tão fria de clima, mas tão quente de emoção….

Foram tantas noites e tantos dias que para sempre ficarão guardados, que quando cheguei a Portugal me senti estrangeira na minha própria casa, na minha própria pele.

Chorei tanto na partida, como no regresso, e isso só poderá dizer alguma coisa, certo?


Até sempre Budapest.




O meu, o teu, o nosso

quarta-feira, maio 13, 2015

Cada dia mais me pergunto que raio de mundo é este.

Que raio de vida é esta, onde nos esquecemos que a pessoa que está ao nosso lado também é um ser-humano, também sente, também vive e merece ser visto.

Cada dia que passa mais me percebo o quão individual está o mundo. Como só o meu “umbigo” importa quando, à minha volta, tenho um universo a acontecer paralelamente. Sejamos francos, todos nós nos preocupamos com os outros, mas nunca mais do que connosco próprios, e porquê? Porque não há a criação de um equilíbrio, uma esfera com duas faces?

É possível sermos bons para nós enquanto o somos também para quem nos rodeia, só não nos apetece, é aborrecido. Que pequenos, vazios e plásticos que somos.

No outro dia li esta frase enquanto divagava na internet “Dá todo o amor que puderes, não todo o amor que tiveres”. Que barbaridade. Então onde ficou o amor enquanto risco constante? Onde apostamos toda a nossa vida, hipotecamos o coração e cedemos a alma, sem sequer pensarmos duas vezes?

O amor é agir. É aqui, é agora. É acordar e pensar nos outros enquanto ainda nos estamos a trazer a nós mesmos ao mundo real. O amor é o “All In” de todos os jogos de emoções. É tudo, e já. Amar é correr sem medo de perder o chão, porque temos a lua à nossa espera.
Que treta de individualismo que formamos, com esta sociedade dita “moderna”, onde é mais importante dizer que ser, mostrar do que viver.

Onde ficaram as fotografias que se vivem na memória? Onde se estão a desenvolver os humanos que têm mais no coração do que no bolso?
Porque é que estamos a tornarmo-nos numa sociedade tão descartável de carinho, afetos e ternura, em troca duma busca incessante de “admiradores” e seguidores do nosso quotidiano?

Pensemos todos um bocadinho, talvez estejamos a perder as pessoas das nossas vidas, por olharmos apenas para nós mesmos.

E, francamente, faço uma questão, com a vida que levamos...

Será que somos felizes, ou fingimos ser?  






Um balde de água fria, com amor.

segunda-feira, maio 04, 2015


Da minha maior frustração, diretamente ao teu coração, se o tens.

Com que justiça se desaparece da vida de alguém assim? Que espécie de ser abandona todos à sua volta sem “mas” nem “porquês”, preparação ou um mísero “adeus”?

Com que direito me disseste “até já” se o já não voltou mais? O para sempre sempre acaba, mas não é justo que o teu tivesse acabado com a brevidade tão feroz que acabou.
Eu amava-te, tu foste. Como explico isso ao meu dia-a-dia? Onde toca, quando te ligo? Quem me ouve quando é sempre para ti que falo?

Ensinaste-me tanta coisa... Mas era preciso mostrares-me em ti o quanto a vida é efémera? 

Obrigada. Sim, obrigada. Consigo agora valorizar a saúde mesmo quando a tenho bem, e sou capaz de ligar aos meus amigos mais próximos apenas para lhes relembrar o maravilhoso que é tê-los. Procuro não deixar nada para fazer, ainda que o errar esteja na “lista de tarefas” a cumprir.

Sou boa miúda, sabes? E muito a ti o devo. Todos os dias deixo o sol entrar na minha janela da frente, e todas as noites sei o quão boa a vida é, porque posso vivê-la.  
Estás perdoado. Por me teres deixado, atrocidado, magoado, desfeito. Perdoado porque me mostraste como amamos tanto para além daquilo que é visível ao ser, e aos olhos que temos na cara. Vejo-te todos os dias com o coração, com a força da memória e no decorrer de cada sorriso e conquista pessoal.
“Filha da mãe da vida que é ingrata”, disse-te eu uma vez. E tu disseste-me apenas “não é ingrata minha filha, é simplesmente a vida“. Que palhaçada de trocadilho mais certeiro. Que frase mais pré-definida mas irrevogável. É a vida - passageira, única e tão feroz nas alegrias que nos proporciona e nos desafios que nos lança.

Graças a ti saboreio tanto cada vitória, como cada derrota. Cada uma das duas coisas me proporciona diferentes emoções, cada uma das duas me faz agir, lutar, cair, amar e erguer-me tantas vezes quanto forem necessárias. Vi a importância que é chorar de alegria, e procuro entender sempre o que me leva a perder a cabeça e querer baixar as armas por tristeza.

 É isso mesmo, sabes? Agora ensino-te eu. A vida é uma eterna escola, onde os professores são aqueles que têm algo para nos dar, e os alunos são todos aqueles que têm alguma coisa a aprender connosco mesmos.
Obrigada. Graças a ti aprendi a lamber as feridas e a sorrir para o tempo que passou. Não tenho medo, tenho sonhos e, enquanto sonhar, vou sempre viver.


Até já, seu malandro.









Sou independente. Sou feliz

sexta-feira, abril 10, 2015


Hoje vou ser egoísta.

Vou sê-lo ao ponto de escrever centrada em tudo aquilo que quero ser, para o resto da minha vida - independente e cheia de mim.

Quero mostrar a todos o maravilhoso que é pegar na mochila e partir à aventura.

Trabalhar para ter, viver para conseguir... Que sabor do caraças!

Num mundo tão vazio de tudo, eu sou tão cheia de mim. Chego-me e luto para nunca deixar de chegar.

Construí amizades que, ou são para o resto da vida, ou serão para mais que isso, ao redor de todo o mundo.

Numa sociedade repleta de pessoas pequenas sem ideias nem forças para lutar, eu sei que farei para marcar a diferença. Eu e dezenas de outras pessoas que conheço que tudo fazem para que um dia sintam que chegou o dia delas.

Faz a diferença! Não precises de ninguém para ser feliz, vive feliz contigo mesmo.
Não queiras, consegue!

Chega de amar o nosso “Portugalinho”. Tão grande de quente humano e de calor atmosférico, mas tão pequeno de governantes gananciosos e vigaristas - ele não nos merece, nós temos valor, vamos fazer-nos ouvir.

Hoje mesmo recebi duas notícias de duas amigas distintas, mas igualmente maravilhosas: uma foi despedida porque faltou ao trabalho num dia em que todas as companhias de transportes em Lisboa agendaram uma greve. De mãos e pés atados, sem meios para chegar ao posto de trabalho, contactou-os, voltou no dia seguinte com o papel da companhia justificando a sua falta e foi despedida, ouviu da voz de quem a chefiava “ – Viesses.”
Nesta mesma tarde atribulada, uma recém-licenciada em comunicação social, já perdida em tantos currículos que enviara a nível nacional, arriscou, e o estrangeiro em menos de uma semana será o seu destino. Chefiará uma equipa de profissionais que tudo ganharão ao aprender com ela, viverá com todas as despesas incluídas num país longínquo. Mais frio, mas repleto de oportunidades. É tão triste, mas tão fascinante. Vai voltar a viver. Vai ser o primeiro dia do resto de toda a sua vida. Longe de tudo, perto do que ama e com que sempre sonhou.

Ama, luta e nunca em qualquer circunstância desistas daquilo que realmente te impulsiona. Vai doer, vão fechar-se portas, vais chorar de raiva, e milhares de vezes vais ouvir “nãos” consecutivos sem sequer poderes mostrar aquilo que realmente tens para dar. Mas afinal de contas, o sabor maravilhoso do “sim” é apenas a junção de vários milhares de “nãos” doridos e amargurados, não é?

 Procura sempre manter por perto aquilo que de melhor sabes fazer e preserva-o o mais possível, cultiva a tua cultura, o teu ser, o teu amor.

Tudo constitui arte se soubermos ser verdadeiros artistas. A vida é agora, o dia de hoje já passou, começa agora mesmo a ser quem queres que os outros saibam que és. Vive o melhor, reserva-te para o pior.

Despe-te de preconceitos e veste a armadura da garra eterna. Cria metas, supera-as.

Ama, ama muito, e quando deixares de amar alguma pessoa, coisa, ou momento, faz para voltar a amar toda a tua vida sem mais aquele perfume por perto. Reestrutura-te, acredita, vai.

O tempo não volta, não queiras que volte a vontade de voltar no tempo.


Ama-te. Ama. Luta. Sê feliz.







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