Portugal dos (tão) pequenitos
segunda-feira, setembro 14, 2015
Voltei a escrever por desilusão.
Por viver num mundo do avesso, por não saber o que de errado
afinal temos, quando o certo é o desconhecido.
Vivo num mundo que tem guerra, e onde nós, portugueses,
ainda que nem sonhemos o que isso é, fechamos portas e criamos todos os
obstáculos para aqueles que vêm apenas em busca dum pouco de paz. De vida. De
oportunidades de verem o sol no dia seguinte.
Viver, no outro lado do mundo, está a ser apenas até morrer,
até que o dia deles chegue e leve a sua alma. A vida daqueles seres está a ser
tão frágil e incerta, que eles preferem fugir. Fugir para o desconhecido, para
uma realidade tão diferente, não prometendo instabilidade, apenas implorando
por poder sorrir, mais alguma vez.
Parentes falecidos no olhar das mais frágeis crianças,
crianças que nascem adultos e adultos que morrem sem saber o que é ser
idosos.
Ou fogem, ou morrem. Eles fugiram, e nós, portugueses
fechamos-lhes as portas. São diferentes, mas são Humanos. Pessoas como eu e tu,
que acordam e tudo o que querem é um pouco de segurança. Não pedem amor, pedem
uma oportunidade. A oportunidade de viver.
E o povo fechou-lhes as portas.
Serão recebidos com ameaças, também aqui de morte. Rodeados
de comentário xenófobos e caras trancadas.
Culpados de ocuparem casas que foram
retiradas aos nossos, cargos profissionais que a nós nos faltam e com condições
escolares e de saúde que a nós não garantem. E porquê culpá-los, se estes não
sabem sequer para o que vêm?
Se eu estou mal e para mim não há solução imediata, é justo
que por isso que não criemos soluções para os demais? que pensamento é este,
dentro dum país que tem emigrantes em todo o mundo? Que mesquinhez e nível tão
baixo nos caracteriza, que nos faz mandar o outro ainda mais abaixo, por lá nos
encontrarmos?
Ninguém será castigado por estender a sua mão ainda que as
religiões, crenças e ideologias sejam todas diferentes, é das diferenças que se
formam as igualdades.
Vamos mais do que abrir as portas do nosso país, vamos abrir
o nosso coração. E compreender que estas pessoas não pedem luxos, pedem vida,
fugidas dum país onde nem sobreviver seria uma possibilidade.
Hoje eles, amanha nós.
7 comentários
Visão muito crua,mas d'um grande coração!
ResponderEliminarConcordo em parte com as tuas palavras, mas este assunto não é assim tão doce.
ResponderEliminarNão acredito que isto não venha a ter repercussões no futuro. Não sabemos se alguns dos refugiados são mesmo refugiados ou se são apenas infiltrados pelo estado islâmico. Não acredito que venham para cá contribuir em algo. Não acredito sequer que eles se adaptem às nossas 'regras'.
Até pode ser tudo muito bonito no início mas depois de encherem a barriga e de estarem confortáveis e em segurança achas que vão fazer o quê?
E com que cara é que os governantes que estão à frente destas decisões vão explicar a todos os sem-abrigo e famílias mais carenciadas que aos refugiados que vêm para o nosso país vai-lhes ser dado abrigo e comida, mas para eles não sobra nada!
É nesse aspecto que eu não concordo, claramente que os ditos refugiados não têm culpa nenhuma.
és uma menina com muito bom coração!
ResponderEliminar<3 sabes muito !!! proud of you my girl
ResponderEliminarMais do que um texto coerente sobre um assunto delicado, são palavras vindas de uma mente brilhante cheia de talento. Vales ouro ❤️
ResponderEliminarVisão das 4 mil maravilhas, que futuro te reserva se em vez de 20 mil sejam em pouco tempo 1 milhão? Pois é, quando elas te começarem acertar, até pode não ser diretamente mas alguém que gostes, tu vais novamente falar de desilusão, do que escreveste. Falta de noção...
ResponderEliminarAntes que digam alguma coisa que tenha que responder, fui militar convivi com milhões destes humanos, que não deixam de ser, sem usar farda e tentando ajuda-los, conseguiam ser mais violentos do que quando andava fardado, minha gente, este mundo ta perdido. Trouxeram a guerra para cá
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