Vais? Mas como vais? E eu, e tu, e nós?
Assim fui eu sem grande tempo para pensar.
Fui sem olhar para trás, sabendo que deixei ali, naquela
passagem estreita, a minha família, amigos e uma relação que tão bem me faria.
– Vou, vou por mim, pelo que vou ser, pelo que vou viver. Vou com as asas que
me deram para voar, na promessa de crescer, e saborear cada dia.
E lá fui eu, não de mochila às costas, mas com 30kg de
bagagem. Entre casacos, cachecóis e luvas estavam os livros para folhear na
minha aventura. era eu, alguns euros, e o mundo.
Como é que se mete uma pausa na nossa vida e se cria toda
uma outra paralela? Como é que se descobre a felicidade longe de tudo aquilo
que nos faz feliz? – Agora, já sei, o truque é só um – viver. Viver tudo o que
todas as aventuras nos têm a dar, cair com força mas erguer-nos ainda com mais
velocidade.
Sentir saudades, chorar por elas. Rir com desconhecidos e abraça-los
como irmãos.
O meu Erasmus foi a maior caminhada que tive. Eu, o meu
ritmo e toda a harmonia que consegui criar ao meu redor.
Viajei, conheci,
explorei e amadureci. Dancei desde o pôr do sol ao nascer do mesmo e enriqueci,
enriqueci tanto. De alma, de força, de vontade, de coragem e sobretudo de
confiança. Porque eu quis - eu consegui.
Todos os dias, tive coisas para contar. Amigos novos de
todas as partes da Europa para ouvir, ou uma nova comida que tinha tanto de mau
aspecto como de deliciosa para degustar.
Cidade tão fria de clima, mas tão quente de emoção….
Foram tantas noites e tantos dias que para sempre ficarão guardados,
que quando cheguei a Portugal me senti estrangeira na minha própria casa, na
minha própria pele.
Chorei tanto na partida, como no regresso, e isso só poderá
dizer alguma coisa, certo?
Até sempre Budapest.