O remate final da vida

quarta-feira, dezembro 30, 2015


Com a chegada do final do ano, acho que é quase automático fazer um balanço de tudo o que passou.

Encontrar o melhor e o pior do que foi vivido ao longo do ano de 2015, é uma das “conversas de café” mais frequentes na atualidade.

“Namorei com a pessoa errada”, “dei demais a quem merecia menos”, “larguei um trabalho e arranjei um muito melhor”. São este o tipo de comentários. Estes e também tantos outros como “pois porque para os refugiados há tudo e os nossos estão na miséria”, mas os dessa “classe” dada a sua inconveniência e burrice estampada estou certa que se manterão no futuro.

Pessoalmente, tive um ano repleto de emoções.

Viajei, conheci, sonhei e muitos dos sonhos com algum trabalho e muita dedicação tornei-os reais.

 Fui de Erasmus e vivi com a melhor amiga que o universo conhecera durante essa temporada.

Comecei a colaborar com o Jornal Público, vou, se tudo correr bem, estagiar na agência Lusa e terminarei a minha licenciatura em três anos.

Mantive a mesma relação começada em 2014, e os amigos que tenho, sei que o são de verdade e que não os transportarei para o próximo ano, mas sim para a vida.

Por falar nela, na vida…. Este ano enviou-me um pedregulho tão grande.

 Quase dum peso que não consigo suportar. Faz com que me sinta exausta, caída e sem forças. Faz com que eu baixe as armas a tudo o que me propus e que ampute toda a minha existência.

Levou-me a minha pele, a minha carne e deixou-me em ossos com uma dor que não consigo transportar.     
 
Levou-me a minha mãe. Levou-ma desde o outro lado do mundo, e já me a trouxe em cinzas.

Uma dor de cabeça forte num dia de comemoração. Um tiro certeiro.

Um até já que não mais direi, um até sempre que para sempre ficará.

Sem que a respiração me caiba no peito, vivo a situação de sorriso no rosto, tal como ela desejaria, mas de alma quebrada e totalmente desmembrada.

Tornei-me de choro fácil e o sorriso já nem forçado quer sair.

Apetece-me perder-me de mim, para a encontrar de novo a ela.

Ai que saudades. Que me prendem, que me destroem mas que não me levam até onde eu tanto queria estar.

Tudo fiz, tudo fizemos, juntas.

Agarrei os meus, preparei os outros, mas é a mim mesma que me está a custar “segurar”.

2015 Teve tanta coisa boa, mas nunca será recordado por isso.
Daqui a 20 anos o dia 13 de Dezembro de 2015 irá ser recordado como um tornado de sentimentos terríveis, o susto, o medo, a impotência e por fim, a perda.

Sentirmos que não somos capazes de fazer nada mais por aqueles que tudo fizeram por nós corroí. “Esperar para ver” e viver o que já não mais poderemos presenciar é algo que não desejo a ninguém. Tamanha dor não cabe num ser só.

Metade de mim partiu, a outra metade mutila-se psicologicamente a cada dia que passa e sente.

2015 Foi o maior ano de alegria que tive, mas trouxe com ele também, a maior destruição.

E não me avisou, e não me deixou despedir, e não me deixou, mais uma vez, dizer-lhe o quanto a amava e amarei para todo o sempre.



Só queria uma última vez, suficiente para ter forças para viver o resto da minha vida.






Natal sem brilhantes

terça-feira, dezembro 15, 2015


Venho-vos falar na magia do Natal.

Escolhi fazê-lo na primeira pessoa, pois considero-me neste momento um exemplo do que é o brilhante parar de irradiar, mas mesmo assim tudo ser iluminado pela altura que se trata.

Para mim, Natal sempre foi família, casa cheia de emoção, risos e troca de histórias que se passaram ao longo do ano.

Uma lareira acesa ao fundo e um peru no centro da mesa para dar entrada a um “bacalhau com todos”.

Os presentes sempre foram secundários mas existem, nem que seja um postalinho com as palavras certas.

 A felicidade sempre foi a nossa chave de entrada no dia 25 de Dezembro.

Todos tínhamos um propósito – a família. A reunião. O amor. A paz que sentimos por sermos uns dos outros e podermos partilhar aquele momento de entrega que sempre se guardou para a prosperidade.

Mas este ano perdemos uma peça fundamental. Quase como perder o menino Jesus no presépio, entre o meio do musgo artificial e não mais o encontrarmos.

A minha mãe. Perdi a minha mãe. A 10 dias deste Natal. Faleceu no outro lado do mundo na busca dum emprego digno e que nos trouxesse alguma qualidade de vida.

A minha família está feita num monopólio sem peões, os dados já não rodam e carta nenhuma tem valor.

Dava tudo para tê-la como o meu presente. Trocar o peru e o bacalhau e as habituais lembrançazinhas pela sua saúde eterna.

A família não se escolhe, mas preservá-la, ama-la, respeitá-la e mantê-la depende de nós.

Aproveitem os vossos, olhem para o lado, valorizem sorrisos, quebrem guerras, comprem paz e ofereçam o vosso melhor lado com todo o vosso coração.

A vida é tão efémera que cada momento é uma dádiva.

Levem os vossos a sentir a força do mar e das ondas a bater nas rochas, subam as montanhas até aos picos mais altos para respirar o que de mais puro podemos ter. Sintam, sintam-se, abracem-se e nunca em tempo algum percam tempo de qualidade com as vossas verdadeiras prioridades.

Feliz Natal a todos e que o vosso centro de mesa e a vossa árvore esteja coberta de sorrisos embrulhados, abraços embutidos e gargalhadas para partilhar.

Afinal… o que é a nossa vida, sem aqueles que realmente amamos?

O tempo não pára, não volta e não dá tréguas, nunca desejem sentir vontade de voltar no tempo.


O momento é agora.




Espaço Eça, um Espaço com Estórias

terça-feira, dezembro 15, 2015



Em pleno centro de Leiria, na chamada “Rua direita”, que pouco deve ao nome, existe na Rua Barão de Viamonte, um recanto “Cativante”, classifica Alexandra Lontro,contabilista de profissão.
 É assídua nas visitas ao local e quando lhe pedem para descrever o Espaço  Eça  não poupa nas
palavras: “É Espantoso”, diz de sorriso estampado no rosto.
História, cultura, lazer e entreajuda são as palavras-chave utilizadas pelos seus visitantes, para caracterizar o projeto.
Idealizado por um casal amante da cultura portuguesa e concebido para homenagear o que a nossa literatura tem de melhor, Susana e Luís Ventura escolheram esta ”belíssima e harmoniosa cidade pois foi onde Eça de Queiroz viveu a maior parte da sua vida”, conta-nos a gerente.
A decoração do local contrasta tons de cinza e preto com móveis em madeira maciça. E a temperatura ambiente está sempre convidativa a uma boa leitura. O grande relógio redondo nas firmes paredes brancas marca a passagem do tempo que, dentro do Espaço Eça, se sente de forma suave.
A esta maré de cultura junta-se a gastronomia. Com refeições cuidadosamente selecionadas e preparadas, como são os exemplos das empadas de alheira, tapas de choco frito ou bolos vendidos à fatia de vários tipos, os que visitam o Espaço Eça podem, de forma económica, provar alguns petiscos tipicamente portugueses, bem como degustar os melhores vinhos classificados a nível nacional.

Ler, conviver, estudar, partilhar ou até desfrutar de algumas bebidas e/ou petiscos, são os principais motivos de visita ao sítio. 
A equipa é formada pelos dois elementos da gerência. “Somos sempre gentilmente recebidos por qualquer um dos dois que lá esteja para nos encaminhar,” diz-nos Diana Sofia, de 21 anos, estudante de Informática para a Saúde, que utiliza o espaço como base operacional para a realização dos seus trabalhos de grupo.
Centro de estudos para muitos, biblioteca para quem a procura e até centro de congressos para alguns, neste local, relatam os  que por lá passam,“encontramos a plenitude e o equilíbrio total.”
Existem também vários momentos em que o Espaço Eça se alicerça a projetos de solidariedade.
Para breve está inclusivamente agendada uma exposição a favor da associação “Os
Malmequeres”, sediada nos Marrazes. 
A exposição, que será de entrada gratuita, mostrará alguns trabalhos feitos e pintados à mão por docentes desta associação, portadores de deficiências mentais, utilizando apenas diversos tipos de madeira para o efeito. A exposição começará já no próximo dia 17 neste mês, e durará até ao final do mês de Dezembro.
Entre as três salas existentes, o cantinho da leitura é o favorito para a maioria dos utilizadores, e basta visitá-lo para entender rapidamente o porquê.
“A Câmara Municipal de Leiria apoiou a iniciativa não colocando nenhum entrave quanto ao licenciamento necessário para a abertura do espaço e publica também sempre na “leiriagenda” todos os eventos existentes no local desde a sua abertura,” refere Luís, no decorrer da conversa.
Têm as portas abertas ao público das 09h as 19h, de segunda-feira a sábado, desde o dia 19 de Julho de 2014.
“Encontramos aqui a paz de mãos dadas com o que de melhor Portugal tem: cultura, gastronomia e vinicultura.” Conta  Fernando, advogado aposentado que todos os dias lancha no local.
Em jeito de balanço, “uma aposta conseguida, que superou todas as expetativas”, afirma Luís, um dos fundadores do Espaço Eça.









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