E Agora?

terça-feira, maio 31, 2016


Quando um ciclo se fecha, um objetivo se alcança e a nossa maior meta foi alcançada, “E Agora”?

Foi esta a questão que um grande amigo me colocou em mais um serão de café, que tanto gosto.

As janelas são outras e entraremos num mundo de portas fechadas com a ânsia de serem descobertas.Um espaço onde as cores primárias darão lugar ao amontoado de sépias que fomos acumulando com o passar dos tempos.

 Quando temos tudo o que queremos da maneira que desejamos, o que mais nos falta? Porque mais viveremos?

E a resposta é tão simples: agora, vive.

Agora sente tudo aquilo que as sementes que plantaste criaram. Agora é a hora de colher os frutos, beber das raízes, abraçar os tempos livres, e de todos aqueles que estejam mortos, fazê-los viver.

O “Agora” é o tempo mais importante para ser fervoroso, para nos fazer engolir em seco com uma enorme sensação de dever cumprido. É tempo de sacudir a poeira das mãos, arregaçar as mangas e sentir, tocar, gritar pelo mundo o sabor da nossa vitória.

O “agora” não é um momento, é um tempo que todos os dias teima em chegar.

 É o voar mais alto de todos os nossos sonhos e é quando lá chegamos que pouco mais interessa senão sentir.

“Agora” é o pretérito perfeito do nosso segundo mais bonito. Tocável no ciclo certo, palpável no momento ideal.

Não há previsão possível para o nosso ponto, tantas e tantas vezes ele tarda em chegar ou não é sequer tão assertivo como deveria. Mas chega, mas existe, mas é nosso - Mas é o melhor inicio desta montanha russa de que é feita a vida.

Moldável à pele, palpável pela mente.

É o tempo onde eternizaremos cada tom de pele com que nos cruzámos, cada linha que traçámos, cada página que escrevemos e onde encontramos a capacidade de encerrar tantos livros que já completámos. São todos os dias da nossa vida, mesmo aqueles que por vezes custem mais a passar.

O "Agora" é o momento de entendermos que somos nós a nossa melhor forma de viver.






Finalista por um dia

segunda-feira, maio 23, 2016


Acordar cedo, contactar toda a família e ter a certeza de que tenho o traje minimamente apresentável? Feito.

Talvez por ter a família mais disfuncional mas fantástica que conheço, o dia tenha sido tão especial.

Vieram dos quatro cantos de Portugal para verem a miúda deles por lá a receber a tal pastinha, e que bom que foi.

Logo nós que nunca choramos por nada deu-nos para chorar por tudo naquele momento. Pelo que passámos, pelo que iremos passar e pelo bom que era um momento só juntar tanto workaholic no mesmo sítio por um único propósito.

Na minha família vivemos de estímulos, convicções e cada um é um ser tão individual e com características tão próprias que pouco mais nos move senão o que realmente ambicionamos alcançar- profissionalmente e do foro pessoal.

Somos certos naquilo que desejamos e há pouca coisa pelo qual lutemos que não acabemos por concretizar. Empenhamo-nos tanto num novo projeto como numa nova amizade, para nós não existe meio-termo e é essa a diferença que tanto nos completa.

Não vivemos de caprichos mas sim de constantes lutas pessoais para nos tornarmos melhores e maiores pessoas. Não é um problema- é genética- e acontece de há uns bons anos para cá.

E desta vez, foi a minha vez.

Meti as mãos ao trabalho, arregacei as mangas e entrei naquele que foi o maior carrossel da minha vida. Uma licenciatura saturada de estudantes e de profissionais qualificadíssimos sem lugar. Mas era o meu sonho e pouco mais tinha a dizer acerca disso. Desde que me mentalizei acerca daquilo que queria fazer durante toda a minha vida que nunca destoei do meu foco- o Jornalismo- mais precisamente, a Comunicação Social.

Ali estive eu.

Tive muitas noites mal dormidas, mas que nunca foram de mais. Entornei muitas garrafas, ergui muitos copos e conheci pessoas que sei que foram enormes mais-valias para mim e para o meu crescimento enquanto ser.

Também queimei algumas pestanas e rezei aos santinhos todos por frequências que não corriam assim tão bem. Conheci uma cidade do zero; Vivi semanas académicas, receções ao caloiro; Fiz Erasmus e apaixonei-me julgando ser naquela cidade que estava a conhecer o amor da minha vida.

A verdade é que conheci. O amor da minha vida foi a felicidade e a concretização de um objetivo tão coeso que sempre tive. O meu curso, a minha licenciatura- o meu sonho um passo mais à frente.
Ergui a capa, gritei no “EFERRIÁ” e abracei-me aos meus no momento em que soaram as tunas pela última vez.

Porque ser estudante é mesmo isto. Não nos esquecermos nunca de casa e das nossas raízes mas sentirmos cada momento da nossa viragem com a mesma intensidade. Em todos os momentos defendermos a nossa persona e sermos o mais fiéis possíveis aos nossos princípios, sejam eles quais forem, aproveitando sempre cada dia no seu limite de tempo e espaço.
Misturar a noite com o dia e conhecer de cor o roteiro a seguir, seja em época de exames ou em noites académicas.

Ser estudante é não dormir bem, não comer bem, não ser bom em tudo e mesmo assim sentirmos que estamos a fazer o melhor. É termos uma família longe da nossa e partilhar o melhor e o pior de cada angústia e alegria.

Ser estudante é comer massa com cenas. É começar no primeiro ano a adorar salsichas e atum e acabar a não conseguir olhar para aquelas latas que tantas vezes nos desenrascaram. É Gastar 5€ numa noite e ficar chateado com isso, porque já passámos o limite estipulado.

Ser estudante e sobretudo ser estudante finalista de algo que tanto queremos, é um engolir em seco de satisfação mas de uma saudade imensa que sempre ficará. É querer parar no tempo por um tempo que não mais volta.

Porque já não mais estaremos ali e não haveria melhor e mais seguro sítio onde estar.

Ser estudante é o maior e tenho a certeza que o melhor passo na vida de cada um, sobretudo quando se está numa cidade de encanto que nos molda o coração.


Obrigada minha Linda Leiria, para sempre te lembrarei.












Amor, sonhos e molho agridoce

domingo, maio 08, 2016


Sou filha de pais separados.

Acho que isso pode ser uma ótima introdução para dizer tudo e nada.

Sim e então? Sou eu e talvez metade da população portuguesa que desde o 25 de abril, se o arroz não está bem arrumado ou o canal de televisão não é o mesmo escolhido pelos dois já estamos mesmo a ver que “a coisa não vai funcionar”.

Vivo numa geração que prefere escarrapachar amor por todo o lado. Fá-lo notar-se e desaparece logo a seguir com a primeira adversidade. Os homens não têm capacidade de controlo e as mulheres, que graças a Deus conquistaram a independência, aproveitam-se dela para meter “as malas à porta” porque “de onde vem aquele, podem vir muitos mais e não estamos para isto”. 
Na maioria das vezes atualmente desistimos até antes de tentarmos. Que trabalheira que seria, e se eu sair mal, como é? Para quê?

Sexo descartável e amores improvisados são as soluções, isto, porque ainda não inventámos nenhuma aplicação informática que nos retire a necessidade da existência destes dois fatores no nosso quotidiano.

Sou filha de pais separados sim, mas nunca em tempo algum estes deixaram de me mostrar o que era o amor-puro. Talvez por se terem amado tanto no pico da idade e da juventude, fizeram-me de amor.
Foram metades desiguais que se desencontraram mas que na sua junção se encaixavam na perfeição. 

Sabem? O pai porreiro e podre de giro que deixava todas as miúdas loucas, com a mãe elegante e sempre com uma personalidade fortíssima, estão a ver o género?

Eu sou a mistura de duas partes distintas que se camuflaram e formaram uma igualdade fantástica enquanto equipa.
 Imagino-os na minha cabeça como uma “dream-team” pelo menos da educação, de saber-estar e de diversão. O que resta de mais importante que não isso?

É por eles que acredito no amor, ainda que se tenham deixado de amar, fantástico, ou não?

Foram amor até o deixarem de ser. Foram felizes todos os dias e todas as noites em que se encontravam um ao outro dentro das tão diferentes personalidades que cada um tinha.

Pelo que me contam, fui feita de um amor agri-doce que no seu teor teve toda a paixão que alguma relação entre duas pessoas pode ter. Amor de miúdos, miúdos que cresceram, que se fizeram seres capazes e que no final se desmembraram sem não antes deixarem a sua marca.

Saiu um terror é verdade. Uma miúda a quem ninguém consegue explicar que não se salva o mundo através da escrita. Uma pirralha alegre que mete todos os dias na cabeça que temos 50h se for preciso para fazermos de tudo por aqueles de quem gostamos e tudo aquilo a que nos propomos.

Como eu costumo dizer, saiu-lhes uma bolinha contente que adora a vida só pelo luxo de poder vivê-la.

Levo tudo ao limite, desde a esperança à crença exacerbada de que tudo vai sempre correr bem. Posso estar a viver num inferno aos olhos dos outros em determinado momento, mas a minha cabeça transforma aquele cenário num paraíso florestal imediatamente.

Todos temos problemas, todos temos dias maus, mas há sempre quem os tenha pior que nós e é nisso que temos de nos focar.

Sou uma privilegiada. Vivo numa Europa civilizada, posso estudar, formar-me e caso a coisa "dê para o torto", o nosso país no seguimento de me mandar emigrar, ainda me apresenta os meios para o fazer.

Todos nós temos as canas para a felicidade, porquê então deixar de pescá-la, pelo medo de enfrentar altos mares?

Tudo bem que todo este positivismo se deve ao facto de ser efetivamente uma pessoa feliz. Só me sinto bem em paz e os meus melhores amigos são na sua grande maioria homens que mal me vêm com um pé a tentar voar, me fazem aterrar no chão escaqueirada com o pouco rabo que tenho.

 Mas caramba, nós mulheres não temos do que nos queixar. Não temos nada a perder e somos fantásticas só por pertencermos a esta raça. Cada uma de nós é tão própria, tão singular, tão a junção de tudo aquilo que nos rodeia, que cada dia nos torna seres únicos.

Comecemos só a ver a felicidade nas pequenas coisas. Desde a mesa do café na praça rodeada da "nossa" gente, à série ao final da noite que nos faz chorar baba e ranho porque o casal protagonista acaba junto no final, embora seja essa a parte mais previsível desde o primeiro episódio.

Deixemo-nos de ter esta constante necessidade de afirmação desproporcional. Não temos de provar nada a ninguém, muito menos mais do que aquilo que devemos provar a nós mesmos.

Somos seres capazes. Alguns com mais, outros com menos limitações, mas todos nós conseguimos alcançar o final do jogo com sucesso, mais que não seja por já termos participado nele.

Brindemos mais no fim da noite aos nossos e se a garrafa acabar e o livro tiver de se fechar, então que o façamos com a certeza de que não deixámos nenhuma página em branco.

Esta é a nossa história, o nosso momento.

 Podemos escrevê-la de todas as maneiras, mas a melhor de todas será sempre quando coberta de amor desmedido e cheia de noite mal dormidas.


 Afinal, nenhuma história é feita de sonhos, exceto aquelas que construímos acordados. 



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