Mulheres Humanas

quinta-feira, fevereiro 25, 2016


Mais uma vez vou escrever sobre mulheres.


Não de mulher para mulher.


Mas de mulher para sociedade.


De mulher para o Mundo, para um Mundo global machista.


Venho dizer-vos que nós, mulheres, não somos extraordinárias por conseguirmos trabalhar, ser mães, ser boas “donas de casa”, e tudo em cima de uns bons saltos altos.


 Vocês, sim vocês, que nos vangloriam por isso, é que são uns idiotas. 


Nós somos apenas seres humanos que na sua essência são organizados. Ou então não. E se não? Somos piores? E se o instinto maternal ficou para tia, e os saltos altos passaram a um belo par de ténis Nike com texturas desiguais e o mais confortável possível, somos menos? Somos seres. Somos pessoas. Caracterizem-nos desse modo e assim conhecer-nos-ão bem melhor.


Somos cheias, cheias de vos ouvir. Cheias de julgamentos. Mas também cheias por brilhantemente sermos caracterizadas porque sabemos pintar as unhas enquanto cozemos arroz. 


Amigos, Colegas, Senhoras que se orgulham dos papéis ridículos que vos atribuem, vamos lá abrir a mente, não se trata de pensar out of the box, trata-se só de pensar no seu todo.


 Vamos lá aceitar que bons profissionais não estão determinados por sexo/estilo de vida.


Vamos entender de uma vez por todas que ser mãe não é um posto, é uma escolha e que as oportunidades têm de surgir pelo profissionalismo que demonstramos.


Vamos por favor acabar com o protótipo da mulher ser fantástica porque trabalha, tem filhos e ainda por cima pinta as unhas e de vez em quando os lábios, ao sábado à noite. 


Não me lembro de nenhum homem ser elogiado por fazer a barba, conduzir o carro nos fins de noite ou por lavar a loiça no final das refeições, e alguns, tão bem que o fazem. 


A mulher é fantástica sim. Mas fantástica pela singularidade que a define. Pelos corpos todos diferentes que nos compõem, pelas curvas e contracurvas que suportamos todos os dias. Somos fantásticas porque somos apaixonantes, enigmáticas e sensuais até de pijama polar. 


Isto sim é distinguível. Ser mulher é mágico não pelo que fazemos, mas pelo que somos.


Cada uma de nós é um ser bonito de um sorriso só.





Amores Carnavalescos

quarta-feira, fevereiro 10, 2016


Sempre fui muito céptica quanto ao carnaval.

Quase tanto quanto com o amor fingido, o amor dissimulado, aquele que existe só por existir. Onde os corpos não sentem, a alma não sorri e a pele já não mais se arrepia.

Amores daqueles bonitos nas fotografias e distorcidos no coração.

Amores de carnaval que brilham para os outros, deslumbram os demais, mas que só quem está dentro sabe o quanto custam.

No carnaval é muito agradável ver em todos os cortejos a sátira politica, desportiva e social. Lançamos imensas gargalhadas com o que ali assistimos, como se não se tratasse da nossa própria realidade nacional.

A verdade é que nem nós imaginamos o que está por detrás de todos os disfarces e tal como acontece com o amor, quando a máscara cai é que conseguimos traçar o que por ali se passou.

O dia do namoro, tal como o dia de Carnaval tem um único significado: falso e artificial.

Somos o que gostaríamos de ser pelo Carnaval e apanhamos o balanço para festejarmos o dia do amor, como se este também não se tratasse de uma tormenta.

Pintamos o dia de cor-de-rosa, afloramo-lo com corações vermelhos e gastamos dinheiro em jantares caros e roupas bonitas.

Estes dias só me fazem lembrar aquelas famílias que em algum momento da vida já todos nós conhecemos. Constituídas por um agregado que se veste com grandes marcas, conduz excelentes carros e vive em enormes mansões. O pior vem depois, quando utilizam o fato da transparência, da realidade e do seu próprio ser. Ai, por vezes, são mais pobres do que qualquer mendigo e na maioria dos casos pesa-lhes (ou deveria pesar) a consciência, afinal não existe dinheiro nem luxo nenhum gratuito.

São seres cheios de pessoas e solitários deles mesmo.

Não sou nenhum coração de pedra, atenção! Enganam-se aqueles que pensam que sou uma ressabiada sem coração. Sou realista. Sou apenas apologista do amor de todos os dias, do amor que celebra a vida com o carinho de o fazer, do amor que partilha, integra, seduz. Sou defensora do dia do amor durante todos os dias das nossas vidas.

Amor ao que fazemos, amor ao que visitamos, amor aos nossos e aos outros. Amor por sentir, amor por dar, amor que não pensa no que recebe porque só está focado no que de si oferece.
Não pode ser apenas coincidência o dia de Carnaval ser tão próximo do “dia dos namorados”. Aproveitamos a máscara, agarramos nas maquilhagens e nos disfarces e ali vamos nós, cheios de plásticos brilhantes e exibicionismo incorporado.


E vivemos assim o dia que deveria ser o mais importante de todos os dias. O dia em que celebramos o amor.






O para sempre de todos os meus dias

terça-feira, fevereiro 02, 2016


A cada dia que passa tenho mais a certeza de que vivo num mundo-cão, num salve-se quem puder humano. Rodeada de corações que não sentem e razões que não se explicam.

Cada dia da minha vida tenho mais a certeza de que cada momento tem de ser penado para que seja vivido. Que cada conquista tem de me esfolar os joelhos com tanta queda no decorrer do percurso e que cada passo em frente impulsiona algumas dezenas de passos atrás.

Cada vez que olho à minha volta vejo mais faltas. Faltas de carácter, faltas de saber estar, faltas de saber mais e falar menos. Falta de pessoas que sejam boas pelo prazer de o ser.

Vivo numa sociedade de músculos, que ao definir o corpo, esqueceu-se de estimular a mente.

Entre os recantos dos abdominais, ou dos bíceps fortíssimos e imbatíveis está uma cabeça que não pensa, não raciocina, não partilha.

Faz tanto tempo que não vejo ninguém bonito de dentro para fora, onde a alma transcenda o coração e me faça suspirar do bonito ser que em si se reflete.

Talvez dramatize, talvez generalize, mas a verdade é que vão completar-se dois meses que deixei de te ver. Também por isso a vida perdeu tanto o encanto, ou talvez seja por isso que o cinzento seja agora a cor predominante dos meus dias.

Vi no noticiário que o mês de Janeiro foi o mais quente dos últimos 50 anos. Quão irónico isso é? O mês mais quente foi o mais gélido para os meus dedos, para as minhas feridas, no decorrer das incalculáveis noites mal dormidas, ou naquelas em que escrever foi o meu auxílio, para não deixar de te ver, para nunca em mim morreres.

Tenho a melhor mãe que o mundo criou. Tenho e terei sempre. Porque todos os dias te vejo.

Espelhada em mim. Na minha educação, no meu mau feitio, na minha perseverança, na minha falta de paciência para hipocrisias disfarçadas ou amores dissimulados.

Estou saturada de plástico. Quero pele e osso e sorrisos e lágrimas e emoção. E tu és isso, e nunca serás nada mais que isso e nunca serás menos que tudo isso.

És a pessoa mais importante que passou e passa todos os dias na minha vida. Em atos, em visões, em tantos ensinamentos. No saber ser, para saber estar.

No ser senhora, no ser mulher. No ser transparente num mundo de águas turvas e cobertas de lodos artificiais.

Dói não te ver, mas alegra-me ainda mais o quanto te sinto. Deixaste-me a maior fortuna que podias ter deixado, e tu sabes que sim. Deixaste-me a tua alma, o teu coração e acima de tudo, o teu amor.

És a minha maior inspiração.


Todos os dias da minha vida.





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