Amores Carnavalescos
quarta-feira, fevereiro 10, 2016
Sempre fui muito céptica quanto ao carnaval.
Quase tanto quanto com o amor fingido, o amor dissimulado,
aquele que existe só por existir. Onde os corpos não sentem, a alma não sorri e
a pele já não mais se arrepia.
Amores daqueles bonitos nas fotografias e distorcidos no
coração.
Amores de carnaval que brilham para os outros, deslumbram os
demais, mas que só quem está dentro sabe o quanto custam.
No carnaval é muito agradável ver em todos os cortejos a
sátira politica, desportiva e social. Lançamos imensas gargalhadas com o que
ali assistimos, como se não se tratasse da nossa própria realidade nacional.
A verdade é que nem nós imaginamos o que está por detrás de
todos os disfarces e tal como acontece com o amor, quando a máscara cai é que
conseguimos traçar o que por ali se passou.
O dia do namoro, tal como o dia de Carnaval tem um único
significado: falso e artificial.
Somos o que gostaríamos de ser pelo Carnaval e apanhamos o
balanço para festejarmos o dia do amor, como se este também não se tratasse de
uma tormenta.
Pintamos o dia de cor-de-rosa, afloramo-lo com corações
vermelhos e gastamos dinheiro em jantares caros e roupas bonitas.
Estes dias só me fazem lembrar aquelas famílias que em algum
momento da vida já todos nós conhecemos. Constituídas por um agregado que se veste
com grandes marcas, conduz excelentes carros e vive em enormes mansões. O pior
vem depois, quando utilizam o fato da transparência, da realidade e do seu
próprio ser. Ai, por vezes, são mais pobres do que qualquer mendigo e na
maioria dos casos pesa-lhes (ou deveria pesar) a consciência, afinal não existe
dinheiro nem luxo nenhum gratuito.
São seres cheios de pessoas e solitários deles mesmo.
Não sou nenhum coração de pedra, atenção! Enganam-se aqueles
que pensam que sou uma ressabiada sem coração. Sou realista. Sou apenas
apologista do amor de todos os dias, do amor que celebra a vida com o carinho
de o fazer, do amor que partilha, integra, seduz. Sou defensora do dia do amor
durante todos os dias das nossas vidas.
Amor ao que fazemos, amor ao que visitamos, amor aos nossos
e aos outros. Amor por sentir, amor por dar, amor que não pensa no que recebe
porque só está focado no que de si oferece.
Não pode ser apenas coincidência o dia de Carnaval ser tão
próximo do “dia dos namorados”. Aproveitamos a máscara, agarramos nas
maquilhagens e nos disfarces e ali vamos nós, cheios de plásticos brilhantes e
exibicionismo incorporado.
E vivemos assim o dia que deveria ser o mais importante de
todos os dias. O dia em que celebramos o amor.
1 comentários
Pelo menos o meu amor por ti não está disfarçado! AMO-TE ❤️
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