Finalista por um dia

segunda-feira, maio 23, 2016


Acordar cedo, contactar toda a família e ter a certeza de que tenho o traje minimamente apresentável? Feito.

Talvez por ter a família mais disfuncional mas fantástica que conheço, o dia tenha sido tão especial.

Vieram dos quatro cantos de Portugal para verem a miúda deles por lá a receber a tal pastinha, e que bom que foi.

Logo nós que nunca choramos por nada deu-nos para chorar por tudo naquele momento. Pelo que passámos, pelo que iremos passar e pelo bom que era um momento só juntar tanto workaholic no mesmo sítio por um único propósito.

Na minha família vivemos de estímulos, convicções e cada um é um ser tão individual e com características tão próprias que pouco mais nos move senão o que realmente ambicionamos alcançar- profissionalmente e do foro pessoal.

Somos certos naquilo que desejamos e há pouca coisa pelo qual lutemos que não acabemos por concretizar. Empenhamo-nos tanto num novo projeto como numa nova amizade, para nós não existe meio-termo e é essa a diferença que tanto nos completa.

Não vivemos de caprichos mas sim de constantes lutas pessoais para nos tornarmos melhores e maiores pessoas. Não é um problema- é genética- e acontece de há uns bons anos para cá.

E desta vez, foi a minha vez.

Meti as mãos ao trabalho, arregacei as mangas e entrei naquele que foi o maior carrossel da minha vida. Uma licenciatura saturada de estudantes e de profissionais qualificadíssimos sem lugar. Mas era o meu sonho e pouco mais tinha a dizer acerca disso. Desde que me mentalizei acerca daquilo que queria fazer durante toda a minha vida que nunca destoei do meu foco- o Jornalismo- mais precisamente, a Comunicação Social.

Ali estive eu.

Tive muitas noites mal dormidas, mas que nunca foram de mais. Entornei muitas garrafas, ergui muitos copos e conheci pessoas que sei que foram enormes mais-valias para mim e para o meu crescimento enquanto ser.

Também queimei algumas pestanas e rezei aos santinhos todos por frequências que não corriam assim tão bem. Conheci uma cidade do zero; Vivi semanas académicas, receções ao caloiro; Fiz Erasmus e apaixonei-me julgando ser naquela cidade que estava a conhecer o amor da minha vida.

A verdade é que conheci. O amor da minha vida foi a felicidade e a concretização de um objetivo tão coeso que sempre tive. O meu curso, a minha licenciatura- o meu sonho um passo mais à frente.
Ergui a capa, gritei no “EFERRIÁ” e abracei-me aos meus no momento em que soaram as tunas pela última vez.

Porque ser estudante é mesmo isto. Não nos esquecermos nunca de casa e das nossas raízes mas sentirmos cada momento da nossa viragem com a mesma intensidade. Em todos os momentos defendermos a nossa persona e sermos o mais fiéis possíveis aos nossos princípios, sejam eles quais forem, aproveitando sempre cada dia no seu limite de tempo e espaço.
Misturar a noite com o dia e conhecer de cor o roteiro a seguir, seja em época de exames ou em noites académicas.

Ser estudante é não dormir bem, não comer bem, não ser bom em tudo e mesmo assim sentirmos que estamos a fazer o melhor. É termos uma família longe da nossa e partilhar o melhor e o pior de cada angústia e alegria.

Ser estudante é comer massa com cenas. É começar no primeiro ano a adorar salsichas e atum e acabar a não conseguir olhar para aquelas latas que tantas vezes nos desenrascaram. É Gastar 5€ numa noite e ficar chateado com isso, porque já passámos o limite estipulado.

Ser estudante e sobretudo ser estudante finalista de algo que tanto queremos, é um engolir em seco de satisfação mas de uma saudade imensa que sempre ficará. É querer parar no tempo por um tempo que não mais volta.

Porque já não mais estaremos ali e não haveria melhor e mais seguro sítio onde estar.

Ser estudante é o maior e tenho a certeza que o melhor passo na vida de cada um, sobretudo quando se está numa cidade de encanto que nos molda o coração.


Obrigada minha Linda Leiria, para sempre te lembrarei.












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