E tu, de que fibra és feito?
segunda-feira, agosto 01, 2016
Bem lá vai o tempo onde cerrávamos os dentes, erguíamos as
mangas e íamos à luta.
É ao longe que se vê os tempos onde nos movíamos pelos
ideais que criávamos e não pelo hipoteticamente correto e o moralmente bonito,
como se faz agora.
Lá - onde se choravam verdadeiras lágrimas de emoção pelo
prazer de o fazer, onde se defendiam identidades individuais e se formavam
cabeças pensantes que não se limitavam a ser movidas e se davam ao luxo de por
si pensar.
Agora cultivamos-nos- Ao nosso o corpo e ao nosso bronzeado.
Achamos que é tempo bem gasto aquele que perdemos a
pavonear-nos acerca do que fazemos e acerca daquilo que nos veste, quando o que
verdadeiramente importa é o que se passa quando a alma está despida.
Vivemos num país cada dia mais pobre de tudo.
Já a minha avó me
dizia à lareira, nas noites de inverno ao som do grande Zeca: “sabes filha, o
primeiro milho é para os pardais”. Mal sabia eu o certo que ela sempre esteve,
aliás, como sempre estará.
Vivemos rodeados de pardalecos que se vangloriam do tão
pouco que têm e que, na maioria das vezes, só o dinheiro lhes deu.
Andamos a passear pela rua em buscar de animais virtuais e
quando os ganhamos não temos absolutamente nada mais senão “mais”.
Não será excessiva esta busca incessante por uma perfeição
construída no vizinho do lado?
É tempo de fazermos tanto por nós como gostamos de fazer por
e para os outros.
Tempo de nos mostrarmos, de nos fazermos ouvir, de
individualmente termos opiniões estruturadas e capazes de irem mais além que o terraço
que fica à nossa esquerda.
O amor-próprio existe e deve ser a nossa maior conquista pessoal diária: Encontramo-lo junto ao respeito, à
lealdade e ao desejo de sermos mais e melhor.
O amor fica no sítio mais bonito que cada um tem: O coração.
Faz de tudo para que o teu sempre bata com toda a emoção possível por bater.
1 comentários
Vivemos num mundo cada vez mais sem conteúdo, refiro-me a conteúdo real, útil e não a conteúdo escarrapachado num decote exagerado ou a cara borrada de base para mostrar um bronze que na realidade não tem. `
ResponderEliminarÉ cada vez mais dificil encontrar alguém com quem valha a pena conversar realmente, sobre tudo e sobre nada, mas com fundamento, com questão e não apenas os vagos comentários das fofocas das redes sociais.
Desde a literatura à engenharia, ciências politicas e sociais, há tanto para saber, tanto para aprender e tanto para conversar com real sentido.
Mas a sociedade de hoje em dia apenas quer aquilo que pode mostrar nas redes sociais, a palavra empreededorismo é utilizada mais do que as vezes seria de esperar, na tentativa de se mostrarem... Fazem falta reais projetos, inovadores e capazes de mudar o mundo e a sociedade. Faz falta voluntários com espírito de entreajuda que nada queiram em troca mais do que um sorriso do próximo e o sentimento de dever cumprido.
Já o dizia Almada Negreiros "BASTA PUM BASTA! UMA GERAÇÃO, QUE CONSENTE DEIXAR-SE REPRESENTAR POR UM DANTAS É UMA GERAÇÃO QUE NUNCA O FOI! É UM COIO D'INDIGENTES, D'INDIGNOS E DE CEGOS! É UMA RÊSMA DE CHARLATÃES E DE VENDIDOS, E SÓ PODE PARIR ABAIXO DE ZERO! ABAIXO A GERAÇÃO! MORRA O DANTAS, MORRA! PIM!"
Nuno =)