Um ano de dias treze

segunda-feira, dezembro 12, 2016


Passaram-se 12 dias treze no calendário mais longo da história.

Nunca em nada na vida fui supersticiosa, tratei sempre por “tu” cada gato preto; Sextas-feiras treze sempre foram sinónimo de que o fim-de-semana se avizinhava e passar por baixo de "vãos-de-escada" sempre foi "peanuts".

Mas há um ano tudo mudou. Justamente no mês das luzes, do brilho, da magia e da alegria, perdi tudo isso com a rapidez de um relâmpago.

Nunca vivi nada tão escuro. Tão desesperante.

Sabes, eles diziam todos que eu era “muito forte”, que nunca baixei as armas e que lidei com tudo “muito bem”.  Mal eles sabem meu amor, mal eles sabem o nó na garganta de cada vez que te ligo e o telefone já não mais toca. E tantas vezes que tentei fazê-lo, bem mais do que aquelas que seriam racionais de tentar.

Não há momento algum que não me lembre do teu cabelo forte, da tua pele com textura de pêssego e dos teus olhos tão puros, tão doces e da cor mais bonita que o mundo viu.
Dei muitas voltas e quase todos os dias acredito no meu íntimo que ainda voltarás. Sempre feliz, sempre bem e sobretudo tão forte e capaz.

No outro dia sonhei contigo toda a noite. Toda. Deste-me mais mil e um mapas para os níveis da vida que tenho atingido. Guiaste-me e em tom de brincadeira, no final, fizeste-me acordar, como se me estivesses a “empurrar” para o mundo real. Estive paralisada por algum tempo depois de abrir os olhos, fiz uma força imensa para tentar voltar adormecer. Estava sem sono, mas sem qualquer tipo de pressa de acordar.

Encontrei-te de novo, mamã. E encontro-te todos os dias, em cada esquina onde marcaste o teu nome.

Há um ano que o número treze se tornou na maior das minhas tormentas, e mesmo assim, tentaste e sei que sim, que eu voltasse a gostar dele. Foi no dia treze que passei no código, foi às 13 horas que soube que estava Licenciada e foi ao dia 13 de há um ano atrás que me mostraste forças que eu não sabia que existiam em mim.

É difícil lidar com a vida, sem a nossa fonte de luz. É essa talvez a explicação mais real daquilo que representas em mim. A minha luz. E tantas que foram as guerras que passei sozinha neste último ano. Uma Licenciatura, que é tanto minha, quanto tua; Uma casa nova; Um trabalho e uma vida estável, tal e qual como dizias que eu iria conseguir ter, por mim.

A ti te dedico todas as minhas vitórias, foste tu, estava em ti esta força. Trespassaste-me esta sede de vida, de equilíbrio, de vontade de guerra até atingir a paz.

 Amor, é também agora, inquestionavelmente, a minha palavra de ordem. Gosto de gostar e saboreio cada bocadinho novo que a vida me dá. Sorrio para o sol, quando teima em não nos abandonar, mesmo que em Dezembro, mas também aprendi a gostar da chuva que nos molha os pés nas mais gélidas noites de Inverno.

Ensinaste-me o luxo que é estar aqui e graças a ti tiro o maior proveito de cada dia. É tão bom dormir, mas sabe ainda melhor acordar com mais um desafio pela frente e com novas histórias, e aventuras para contar.

Desde que foste para longe, que tudo fiz para te ter perto. Sei de cor o teu perfume e adivinho de olhos fechados o teu aconchegar dos lençóis a meio da noite. Ainda te sinto dizer por perto “Dorme bem, meu amor, a mamã ama-te muito” e imortalizarei a tua imagem perante cada uma das pessoas que me conhece ou venha a conhecer.

Sabes-me de cor, como jamais outro alguém saberá.

Nunca te respondi à pergunta “sabes que a mamã estará sempre aqui, não sabes?”, mas é essa uma das minhas maiores certezas: Caminhamos juntas, todos os dias.

Desculpa escrever-te hoje, ainda por cima, tarde e a más horas, mas amanhã é mais um dia “13”, dia de estar recatada, e logo eu, que nunca fui supersticiosa.


Amo-te. Tua, Ana Teresa.




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