Morte, sua grande cabra.

sexta-feira, novembro 24, 2017


Ontem adormeci e Portugal tinha perdido em vida um enorme artista, hoje acordo e sei exatamente da mesma notícia relativamente a um enorme jornalista de todos os tempos.

Como assim? Ensinam-nos a viver a amar os outros, a tê-los como exemplos a seguir, e de um momento para o outro tiram-nos da vista, como se nunca antes os tivéssemos tido por perto.

Deixam-nos repletos de histórias para contar e com gargalhadas marcadas na memória, capazes de nos acordar da noite mais profunda, mas e depois?

Que merda é esta de viver a explodir de amor por um alguém que se dissipa, assim?

Não queria um aviso prévio, não é calculável nem de bom tom pedi-lo, mas adorava que a morte não fosse um monstro tão grande de lidar.

Queria que os olhos se mantivessem tão perto, como o coração faz questão de “bater o pé” para se manter.

Talvez seja por amar tanto viver, que a vida acaba por me assustar tanto. 

Talvez porque perdi o amor maior que a minha alma conheceu. Talvez por não poder mais ver quem por tudo daria, para que aqui estivesse.

A morte é uma grande cabra, dissimulada, sorrateira. Alimenta-se das fragilidades e da dor de todos e esconde-se atrás de religiões e crenças, para que a possamos ver como aceitável, mas não há maneira de viver bem dias tristes, e não há forma feliz de ver aqueles de quem gostamos, partir.

A vida é tão boa, pena que seja assim.








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