Protótipos e outras parvoíces do género
quinta-feira, junho 09, 2016
Há uma proximidade entre a liberdade e a estupidez demasiado
curta.
Vivemos de construções idealizadas por outros. O que eles
querem para nós, será o que nós monopolizados também acabaremos por querer.
Fica bonito termos um canudo e fugimos da arte como o Diabo
da Cruz. A arte em todo o seu esplendor, a arte que tanta coisa abrange e tanta
coisa de fantástica nos traz, a arte que está em cada um de nós com os seus
traços e à sua medida.
O socialmente aceite é apenas o politicamente correto - Quem
gostar de representar, nem pensar enveredar pelo teatro, porque será um infeliz
e um sem rumo aos olhos de quem não vê o talento que por ali passa.
Música é um hobbie, ser músico não é uma profissão. Que luxo
seria poder passar uma vida só a estudar exaustivamente para criar mais e
melhor possível, já viram? Isso é para meninos. E a literatura… ai a
literatura, essa então vista por terceiros é a profissão de quem tanto sonha
mas que nunca conseguirá passar para além disso.
E sabem? No fundo a literacia
é isso mesmo, sonhar com os pés assentes na terra, e não é isso tão delicioso?
“Ser poeta é ser mais
alvo”, li por ai. Não é só ser poeta, é ser artista. É fazer arte seja ela transmissível
por que meandros for. Temos demasiados ignorantes encapuçados de doutores e demasiados fatos e gravatas vestidas em almas selvagens e que foram feitas para
viajar em tempos e espaços construídos de raiz.
Somos um mundo que vê euros, nem que para isso tenha de
parar de ver sonhos e felicidade e amor e fascínio por aquilo que faz ao longo de
toda a sua vida.
Claro que temos de engolir sapos, não serei hipócrita ao
ponto de dizer que dinheiro não traz felicidade, sendo que ajuda obviamente a
desenhá-la, mas de que nos serve uma felicidade sem alegria? Sem alma? Sem luz?
Para que nos serve
viver a vida se não for para o fazer no seu máximo expoente?
“Menos é mais” em muita coisa, mas nunca em sorrisos genuínos,
felicidades desmedidas e sonhos que tenham formas, sejam elas quais forem.
O importante não é vivermos cheios de bens, é vivermos cheios
de tudo o que de melhor nos rodear.
É trabalharmos
exaustivamente em algo que nem nos faça sentir aquilo enquanto um trabalho.
É dentro das
obrigações vivermos todas as vitórias a que temos direito, sejam elas para um
público cheio ou num fim de tarde descalços em casa sozinhos, ao som de uma boa
música e com o sentido de dever cumprido.
Não há nem nunca haverá melhor sensação de “viver bem” no
lugar de “estarmos bem”.
E no fundo, são tantas as vezes que poderíamos ser
felizes e nem o sabíamos pela cobardia de não arriscar.
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