Não me façam ir embora...

segunda-feira, março 23, 2015

Mãe, tenho tanto medo...

Sou jovem e tenho sonhos.

Sou jovem e tenho objectivos de vida. 

Sou uma sortuda por ter a certeza absoluta daquilo que quero fazer daqui para a frente, ainda que tenha apenas 22 anos.

Sou jovem, sou portuguesa e quero tanto acreditar no meu país.

Não quero sair daqui e quem me dera dar aos meus filhos a qualidade de vida que há anos tu e o pai me podiam dar.

Sou uma miúda mas sei com toda a determinação aquilo que me guia para alcançar os meus objectivos. Sei que quero ter uma família e mostrar-lhes o que é viver, não quero que se limitem a (sobre)viver tal como o governo me obriga a fazer agora, mas tudo bem, falo-ei, porque é por cá que quero continuar.

Preciso de certezas, não quero dar nem mais um passo nesta luta para no fim da batalha, no lugar duma vitória, atingir o abismo. Não tenho medo do trabalho, tenho medo da exploração.

Não tenho capacidade para me imaginar a estudar durante toda a minha vida por um objectivo e, na hora de colher os frutos, os meus representantes me mandarem “sair do meu país”.
Não quero, sou mimada ao ponto de querer mostrar o que valho neste Portugal, onde tenho a minha casa, onde gastei “couro e cabelo” para conseguir alcançar o que mais quero- um trabalho a fazer o que gosto.

Deixem-me apenas mostrar quem sou, como sou e de que forma o faço. Se não gostarem de mim, aceito. Mas não me empurrem para fora do meu país, onde toda a vida os meus antepassados tiveram uma oportunidade e vingaram, eu também quero. Eu também o estou a fazer para merecer.

Prometo não pedir muito, quero apenas um lugar. Quero que o meu Portugal não tenha mais idosos que crianças, pois nos idosos estão as histórias para contar mas é nas crianças que a história nasce. As crianças são a vida duma população, por favor deixem-me contribuir para a vida do meu país.

Temos representantes políticos que põem os filhos deles a estudar em Paris - para o efeito, compram-lhes casas e carros para maior conforto numa das mais caras capitais europeias. Prometo não pedir isso. Prometo saber gerir o meu dinheiro para apenas (sobre)viver como tanto querem que eu faça. Posso prometer antecipadamente também que não irei buscar equivalências para disciplinas a nenhuma das dezenas de trabalhos que já tive de ter para suportar os estudos, e farei de tudo para não receber o “canudo” a um Domingo à tarde.

Quero mostrar o que valho, crescer, aprender.

Sou portuguesa, quero ficar.


Diz-me, por favor, que não estou a pedir muito? 







You Might Also Like

4 comentários

  1. que bem que fazes isto,continua!

    ResponderEliminar
  2. escreves com uma essência e uma naturalidade tão própria... sigo-te e seguirei sempre.
    Bom trabalho, continua

    ResponderEliminar
  3. está lindo. E assim se vão dizendo as verdades. Orgulho de ti baby! <3

    ResponderEliminar
  4. Queria espalhar aos quatro ventos que tens muito para dar a Portugal apenas com as tuas palavras escritas...
    Mas não precisas de mim...não precisas...

    ResponderEliminar

Instagram