Paz podre, paz industrializada
segunda-feira, novembro 16, 2015
Que mundo é este?
“Querida filha, vives num mundo onde a qualquer momento uma
bomba rebenta, ou um “bando” de terroristas pode entrar no teu sonho,
bombardear tudo ao teu redor e acabar com a tua felicidade em segundos.
Sangue, lágrimas, corações que não sopram, não vivem, não sentem mais” – porque
não me avisaram os meus pais disto, enquanto cresci?
Porque é que todo o mundo implora hoje por uma paz, se lhe
respondemos com guerra?
Porque é que num dia "somos todos Charlie", passado uns tempos
“somos todos Paris” e ninguém se lembra que temos apenas que ser todos humanos?
Bombas não se resolvem com armas e tiroteios. Mortes e
violência não se quebram com ainda mais violência, ódios e rancores.
Somos todos feitos da mesma massa. A que sente.
Um muçulmano não é um bombista, nem um católico é um santo.
A maldade não vem da religião, vem do ser.
Não quero deixar de sofrer, mas quero sofrer tanto por Paris
como por Beirute. Não quero sofrer apenas por mim e “pelos meus” que por lá
ficaram. Quero sofrer pela perda de seres, não só pelo Sr. Manuel que por lá
passára ou pela Mariana que não chegou “por milagre” a entrar.
Se rezarmos, rezemos por todos. Pela dor, não pela
proximidade.
A guerra é a mesma, e só se solucionará quando entendermos
que a minha dor é a dor dos refugiados que FUGIRAM disto e a mesma dor que a
população de Beirute que viveu algo tão aterrorizador e similar. O medo não é
um sentimento exclusivo Europeu. E neste momento qualquer pessoa que vive, tem
medo de a qualquer momento poder deixar de viver.
O mundo é geral, enquanto o virmos apenas a circundar o
nosso umbigo, a nossa resposta será sempre a mesma: Guerra.
A conversinha do “Deus, Pátria e Família” é um máximo mas já
não convence ninguém, nem detém porra nenhuma. Vamos inverter o jogo,
experimentar viver por todos e depois então por nós.
Juntos somos tantos nesta luta pela paz.
Deixemos de ser todos “qualquer coisa” para passarmos, finalmente, a ser todos “alguma coisa” - Humanidade.
Deixemos de ser todos “qualquer coisa” para passarmos, finalmente, a ser todos “alguma coisa” - Humanidade.
2 comentários
Muito bom amor, tens um dom, o dom das palavras ❤️
ResponderEliminarArrancaste do vazio os pensamentos profundos das pessoas, de todas as pessoas que não os sabem exprimir, os não querem ou não se lembram de os dizer em voz alta...Arrancaste-os do teu medo , da tua revolta, da tua dor profunda, da tua incapacidade de modificar o mundo em que te calhou viver...Um mundo surpreendente e cruel que os teus pais desconheciam.Só por esse motivo não te falaram dele, só por isso, minha querida neta...
ResponderEliminarPerdoa-lhes!